qual a diferença entre psicanálise e psicologia
- Edgar Powarczuk

- 8 de set.
- 2 min de leitura
A psicologia busca adaptar o sujeito ao mundo.
A psicanálise escuta o que no sujeito resiste a toda adaptação.
A psicologia busca adaptar o sujeito ao mundo.
A psicanálise escuta o que nele resiste — e ali encontra o que o constitui.
Imagine um psicólogo como um arquiteto reformando uma casa para que ela funcione melhor no bairro. Imagine o psicanalista como alguém que escuta os fantasmas que habitam essa casa — e que talvez sejam a razão de tudo estar fora do lugar.
Psicologia | Psicanálise |
Ciência do comportamento e dos processos mentais | Método clínico e teórico baseado no inconsciente |
Visa ajustar, orientar, tratar e adaptar | Visa escutar, interpretar, revelar o desejo |
Apoia-se em testes, evidências, intervenções | Apoia-se na fala livre, associação e escuta |
Trabalha com o ego consciente | Trabalha com o inconsciente e seus conflitos |
Pode ter objetivo de cura funcional | Tem como horizonte a verdade do sujeito |
Não é o mesmo objetivo com outro caminho.
A psicologia, especialmente em suas vertentes mais aplicadas (como a psicologia comportamental, cognitiva ou organizacional), tem por horizonte tornar o sujeito mais funcional, mais adaptado, mais ajustado ao mundo externo — ao trabalho, às relações, às normas.
A psicanálise, ao contrário, não tem como finalidade a adaptação, nem considera o sintoma como algo apenas a ser eliminado. O sintoma, a resistência, o mal-estar — são sinais de algo que no sujeito não quer se dobrar ao que o mundo exige. E essa "não-adaptação" pode ser precisamente onde habita a singularidade e, em muitos casos, a verdade do desejo.
Então sim: na psicanálise, a resistência não é o problema — pode ser a solução.
Ela não se interpreta para que o sujeito "se encaixe", mas para que ele possa escutar o que deseja verdadeiramente, mesmo que isso o afaste das expectativas sociais.
A psicologia busca adaptar o sujeito ao mundo.
A psicanálise escuta o que nele resiste — e ali encontra o que o constitui.
Onde a psicologia vê disfunção, a psicanálise pode ver desejo. O que a psicologia tenta corrigir, a psicanálise tenta escutar.
O desejo como força de singularização
Na psicanálise, o desejo não é sinônimo de vontade consciente ou objetivo de vida. O desejo é aquilo que nos atravessa, que nos move de forma não inteiramente racional, que escapa às normas e expectativas. Ele é singular por natureza — não se repete, não se copia, é a marca do sujeito em sua diferença.
É exatamente isso que você nomeia como "singularidade" no Eu-Negócio: aquela força interior que não se reduz ao mercado, aos modelos de sucesso, nem às demandas externas — mas que pede expressão através de um projeto, de uma criação, de um trabalho.
Conexão direta com o propósito
Quando você fala que o Eu-Negócio deve alinhar identidade, desejo e produção no mundo, está justamente reivindicando a verdade do desejo como núcleo ético e existencial do empreendimento.
O propósito, então, não é um ideal moral, nem uma fórmula pronta — é a forma que o desejo encontra para se sustentar simbolicamente no mundo.






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