“A arte da sabedoria é saber o que ignorar”
William James
Desde os racionalistas, supomos que a acumulação de informações e conhecimento duramente conquistados nos levaria a uma melhor compreensão e, portanto, ao controle das coisas. A suposição é que, se soubéssemos tudo o que houvesse para saber, chegaríamos às decisões perfeitas.
Então, o Google consagrou esse “ideal enciclopédico”, qual seja todo o conhecimento num único repositório, acessível a qualquer humano finalmente. Agora a informação - e talvez o conhecimento - não é mais uma restrição. Não haveria, portanto, desculpas para não sabermos o que fazer. Não seriam mais admissíveis ações erradas serem atribuídas a uma falta de conhecimento.
De fato, a restrição não é mais sobre o acesso ao conhecimento, mas sobre a nossa CAPACIDADE DE ATENÇÃO.
A infodemia que estamos vivendo traz a expectativa de uma maior adesão ao digital coloca em risco o que restava dessa capacidade atencional. Você e eu continuamos expandindo nossas capacidades cognitivas para tentar dar conta da abundância de informações que leva à sobrecarga, distração e amnésia.
O presente fica esquecido.
Além do mais, essa expansão sem-fim está se tornando cada vez menos significativa e menos eficiente na expressão das nossas experiências diárias. Todo este conhecimento não está se transformando em sabedoria!
A restrição atencional seria resultado da melhor CURADORIA DE INTERESSES na ionosfera digital (quem vale a pena messsmo seguir no Instagram?). De melhorar nossa capacidade de manter o foco atencional, sem alt+tab entre três ou quatro fontes demandantes ao mesmo tempo. Ou da capacidade de categorização de relevância e preferência de conteúdos e tarefas. Ou - este o mais pungente -, na capacidade de estar realmente presente, com olhos e ouvidos inteiros, diante de qualquer interlocutor.
Restrição atencional para usar melhor o tempo, para tornar-se um humano melhor. Ou, simplesmente, para sentar e relaxar.
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