As pessoas buscam uma nova relação com o trabalho. As pessoas estão presas em seus empregos sonhando em fazer o seu próprio negócio. Talvez elas até gostem do que fazem, mas não gostam de seu chefe. Elas querem fazer algo que amam e ganhar dinheiro com isso.
As pessoas querem mais, querem novas conquistas, estão em busca de algo que lhes dê mais realização. As pessoas estão dispostas a chutar a bunda do seu patrão para livrar-se do tédio de um trabalho sem propósito.
Ao mesmo tempo, as pessoas estão em dúvida sobre a dedicação de tempo e montante de dinheiro que precisariam para iniciar um negócio por conta própria. Em algum momento, essas pessoas talvez sintam medo ou falta de convicção. E se perguntam: “Será que eu sou empreendedor?”
Mas, o que torna os empreendedores empreendedores? O que diferencia empreendedores de não-empreendedores? Os empreendedores criam empresas e os não-empreendedores, não?
Dedicamos os últimos 250 anos* desenvolvendo perspectivas teóricas para explicar o empreendedorismo: as abordagens derivadas da economia, da inovação e da psicologia enfocam características individuais. As ênfases da sociologia enfatizam elementos como contexto/estrutura social ou cultural. Tanto estudo nos fez desembarcar num ponto perigoso: a soma de todas as facetas transformaria o empreendedor num super-humano, dotado de poderes de desencorajariam um pobre mortal.
*Richard Cantillon está entre os primeiros (1755): o empreendedor é aquele que assume um tipo de risco associado a um empreendimento. O outro é Jean-Baptiste Say (1803): o empreendedor é um mediador, que combina diferentes fatores de produção, de maneira a produzir um determinado bem.
Então, chegamos ao final da década de 1990 com duas teorias:
que o empreendedorismo era um comportamento, um traço de personalidade genético ou adquirido ou condição psicológica (busca de risco) e
que os empreendedores aproveitavam oportunidades criadas por forças de mercado ineficientes, regulação e avanços científicos.
Até hoje, no entanto, não há uma resposta clara para as características, hábitos e comportamentos verdadeiramente únicas do empreendedor. As livrarias dos aeroportos estão abarrotadas de livros de empresários que publicam suas memórias, truques e façanhas. No entanto, elas são baseadas nas experiências únicas daquele empreendedor individual (o que é bom), mas a) não são apoiadas na ciência ou b) não pode ser aplicada em todos os casos.
Foi então que a pesquisa da Professora de empreendedorismo na Universidade da Virgínia e pós-graduação na Carnegie Mellon, Saras Sarasvathy, (orientada por Herbert Simon, vencedor do prêmio Nobel de Economia), nos mostrou uma lógica que era comum entre empreendedores. Uma lógica diferente daquela que aprendemos nos MBAs, que ela chamou de “raciocínio efetivo”.
O fundamento para essa lógica comum: o futuro é imprevisível! Ou seja, em vez de tentar definir uma meta e como chegar lá, você começa examinando quais recursos estão disponíveis para você agora e como pode usá-los para começar a trabalhar no projeto. Enquanto você trabalha e aprende, você pode mudar o curso do seu projeto dependendo de quais oportunidades surgem.
Então, o que torna empreendedores empreendedores? Afinal, “será que eu sou empreendedor?”. Sabemos agora três coisas que podem te interessar, pois podem ser aplicadas a você:
O empreendedorismo é resultado de gestão, não de comportamento. Ou seja, independem de um traço de personalidade genético ou condição psicológica;
O sucesso de um empreendimento pode ser projetado seguindo um processo, o que significa que pode ser aprendido, o que significa que pode ser ensinado.
Empreendedores podem estar em toda parte, na garagem de casa, no escritório da empresa, aos 20 ou aos 60 anos.
O conceito “raciocínio efetivo” aborda um processo dinâmico e criativo que tem por objetivo entender a resolução de problemas e a transformação de ideias que envolvem o trabalho e os negócios. Empreendedores iniciantes e experientes usam o “raciocínio efetivo” na fase inicial altamente imprevisível de um empreendimento para reduzir os custos de fracassos.
Essa lógica pode ser uma grande aliada na modelação e execução de ideias, sejam elas de empreendedorismo ou na sua carreira. Aplico o “raciocínio efetivo” na minha metodologia de mentoria, um programa exclusivo para assessorar a pessoa na (re) modelagem de um empreendimento ou numa guinada na sua vida profissional.
Para ler mais sobre o assunto:
Effectual Entrepreneurship
Stuart Read, Saras Sarasvathy, Nick Dew
O que faz empreendedores empreendedores
Saras D. Sarasvathy
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